segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Correndo rumo à São Silvestre

Domingo de manhã, 27 de dezembro. Acordo nesta madrugada...

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Incêndio em Depósito

Dados gerais da ocorrência

Data: 31/10/2006 Categoria: Incêndio Hora chamada: 09h40min
Local: Depósito em geral Endereço: Bairro Saguaçu Hora chegada: 09h46min
Quantidade de litros: 64.000 Hora final: 16h00min
Área total: 400 m2 Área atingida: 350 m2 Tempo Total: 4h20min

Descrição literária do sinistro

Segunda-feira, 06h30min da manhã. Com o brado “Um por Todos e Todos por Um” a equipe Alpha encerra seus trabalhos numa noite razoavelmente tranqüila, sem quaisquer saídas da Guarnição de Incêndio (GI), somente algumas ocorrências nas USB’s (ambulâncias). E nesta bela manhã, quem inicia na alvorada da corporação é a equipe Bravo.
O bombeiro voluntário Müller, mais conhecido popularmente pelo seu codinome, Zé Colméia, se despede da guarnição indo em direção a um treinamento numa academia próxima ao quartel. Lá ele inicia suas atividades às 7hs, com uma ligeira ducha de água fria para despertá-lo e inicia seu treinamento físico num trabalho anaeróbico (força) nos aparelhos de musculação até as 8hs, quando busca um melhor condicionamento num treinamento aeróbico (resistência), numa aula em grupo de step. Ao término desta aula, após um belo banho, retorna ao QC (Quartel Central) para iniciar suas aulas na banda da corporação, onde estava aprendendo a tocar trompete, ler partituras, etc.
Porém, ao chegar à corporação, depara-se com a guarnição da equipe Bravo tendo treinamentos sobre técnicas de rapel e instruções com cabos, para o salvamento em altura. E como este voluntário que vos fala é um aficcionado por tal modalidade, não hesitou em acompanhar tal aula proferida. Mas para explicar sua ausência da aula na banda, este dedicado voluntário foi justificar-se com seu maestro no departamento da banda dos bombeiros, defronte ao quartel. E tendo falado com seu professor, aproveitou o momento e foi deliciar-se com um caldo de cana numa lanchonete a cerca de 200m da instituição.
Chegando ao local, nem precisava mais pedir ao atendente sua bebida preferida, pois ao avistá-lo, o proprietário já sabia o que ele desejara. Começou a degustar seu caldo, dando o seu primeiro gole, quando escutou a sirene de uma viatura se aproximando. Ao virar-se para a rua, viu a UR 48 (Unidade de Resgate) indo em código terceiro (emergência) passar por eles. Imediatamente pensou que, se estivesse de plantão poderia ter ido junto com esta guarnição, visto que ela foi somente com o motorista e o demandante, sem outro bombeiro acompanhando. De súbito, “sacou” um beija-flor e saiu às pressas do local, retornando ao quartel para verificar qual era o sinistro.
Em passos largos, viu passar por ele a viatura UTP 32 (Unidade de Transporte de Pessoal), do comandante institucional. Correu como num disparo imaginando a gravidade da situação, visto que até o cmtde. estava indo assumir seu posto. Numa típica chegada de 100m rasos, avançou “rasgando a fita na cancela”, quando quase foi atropelado pelo UT 50 (Unidade de Tanque) que naquele momento deslocava-se para o incêndio. Tentou em vão gesticular agitadamente para seu “parceiro 193” parar o caminhão e acompanhá-lo, mas na correria não o avistou. Neste instante, já no pátio da corporação avistavasse uma fumaça preta, na direção aos fundos da torre dos bombeiros. Num rápido momento conclusivo de exacerbação, imaginou localizar-se nas proximidades centrais o tal sinistro. Neste momento ele avistou saindo de sua sala, o outro comandante, este o operacional 1, saindo de sua sala, quando correu em sua direção abordando-o:
- Sr. Comandante, posso pegar meu EPI (Equipamento de Proteção Individual – botas, calça, jaqueta e galê) e ir pro incêndio?
- Como é que o senhor pensa em ir pra lá? – questionou-lhe.
- Ah, acho que posso ir correndo! – respondeu o eufórico bombeiro.
- Cara, o incêndio é lá no outro bairro, onde é que tu estavas, que não se encontrava aqui? – indagou-lhe.
- Bem, eu estava lá do outro lado, falando com o maestro... – respondeu-lhe meio sem graça ao cmtde.
- Pois é, teu lugar era aqui, agora tu espera aqui dentro do quartel! – afirmou vosso cmte. para este destemido rapaz.
De cabeça baixa, caminhei pelo pátio, pensando na oportunidade que perdera. Porém, lembrei-me que não estava de serviço e poderia ver onde que era o sinistro e talvez até “auxiliar” em alguma tarefa. Imediatamente peguei minha bike spedd, e num pulo, fui saindo do quartel, quando passei pelo comandante:
- Ei, mas toma cuidado! -alertou-me.
- Não, pode deixar, só vou ver se eles precisam de alguma ajudinha – justifiquei.
E saí em pedalada, “queimando” borracha fina pelas ruas centrais. No caminho, passando pelo fórum da cidade, “saquei” meu celular e liguei para a central dos bombeiros:
- Ô meu, coloca meu nome aí de plantão na escala de serviço que estou indo pro incêndio! – esbravejava no celular, ansioso em chegar ao sinistro.
Chegando mais próximo ao local, já avistava uma densa fumaça negra subindo aos céus. Já no local, dezenas de curiosos aglomeravam-se nas ruas, onde abri pedindo passagem. Passei o cordão de isolamento onde estacionei meu veículo ecologicamente correto cadeado à cerca de uma moradia adjacente ao sinistro. Pensei em repassar à central que a “UBM 69” (Unidade Bike Müller) chegara ao local, mas não era o momento de perder mais tempo.
Imediatamente após chegar ao QTH (endereço) indicado, reportei-me ao chefe de operações da equipe Bravo, perguntando-lhe:
- Sr. Márcio, posso pôr um EPI (Equipamento de Proteção Individual)?
- Pô meu, porquê ainda não o colocou? – ironizou-me.
E sai em busca de algum EPI disponível. Procurei no UCI 21. Nada. Busquei então na UR 48. Novamente em vão. E no UT 50? Nem adiantava procurar. Parti ao trabalho então sem o EPI mesmo. Primeiramente perguntei ao pessoal da USB, que estavam auxiliando no fogo com uma escada encostada ao muro que cercava a construção, se necessitavam de ajuda. Porém estavam tranqüilos naquela operação. Então corri até o outro bombeiro, este motorista da USB que estava com o esguicho despejando água do chão, sem realmente ver onde esta atingia. Falei ao meu “parceiro 193” que iria buscar a escada para ele jogar a água por cima do muro. Busquei no UCI 21 a escada, coloquei-a apoiada no telhado daquela residência e imediatamente ele despejava jatos d’água de cima. Indaguei a ele que subisse no telhado, mas ele recusara temendo escorregar. Concordei com ele, indo buscar outra escada para tal tarefa. Procurei ver se tinha chegado outra UCI para procurar outra escada, mas não tinha outra disponível, então procurei auxiliá-los em outra tarefa.
Solicitaram minha ajuda no interior da construção. Subi na escada escorada ao muro e pulei para dentro do terreno. Passaram-me o esguicho e fui escaldando aqueles ferros retorcidos pelas chamas. Porém a fumaça que se desprendia daquele sinistro estava dificultando muito minha respiração. Fui recuando, até sair completamente daquela construção. Subi novamente ao muro, e sai daquele “inferno”. Estava sussurrando:
- ÁÁgua! ÁÁgua! - sedento e ainda não haviam disponibilizado para nós nenhum líquido (água). Então fui para a ambulância ingerir um soro fisiológico mesmo. Pedi à socorrista, ela logo me deu um frasco de 500 ml. Bebi por inteiro e “enganou” um pouco minha sede.
Quando o coordenador solicitou ao nosso motorista, o reabastecimento do UT, pedi a ele para ir junto, “tomar um ar”. Concordou para que eu fosse auxiliar no reabastecimento. Partimos em direção a uma malharia próxima do local, cerca de uns 500m. Mal adentramos no local, “saltei” da viatura perguntando a três senhoritas que estavam na porta do estabelecimento:
- Onde é que o hidrante? Onde está o hidrante? – aos prantos, questionava este eufórico “soldado do fogo”.
- O que foi? – perguntavam-me assustadas aquelas meninas, se entreolhando, sem compreender minhas palavras.
Procuramos aos arredores daquela empresa, quando nosso motorista desistiu e resolvemos ir realizarmos o reabastecimento na central mesmo. Chegando ao local, nosso “piloto” manobrou o caminhão de ré à caixa-d’água e iniciou o reabastecimento do caminhão, enquanto fui buscar um EPI para esta encorajada e audaciosa criança que, de bicicleta não apresentou condições de levar seu próprio equipamento. Ao tentar colocar meu EPI no caminhão, nosso companheiro motorista alertou-me:
- Ei, pergunta lá ao Heitor (cmtde.) que me parece que o UT não vai mais pro incêndio.
- Quê? Tu tás louco meu? E minha bicicleta? – meio duvidando daquilo, meio intrigado que realmente seja fosse verdade.
Não hesitei em ir questionar vosso cmtde., na central de informações, onde este já estava caminhando em sua direção:
- Sr. Comandante, podemos voltar ao sinistro? – perguntou-lhe já quase partindo de volta a viatura.
- Não pode deixar, não precisamos mais do UT no local. – respondeu-lhe.
- Como não? O incêndio é grande, vamos precisar de mais água. – retrucou-lhe.
- Não, pode ficar tranqüilo que está tudo sob controle – respondeu-lhe novamente.
Não querendo repetir o mesmo questionamento mais uma vez com “vossa excelência”, este nobre voluntário, sentindo-se derrotado pelas “forças supremas”, “baixou sua guarda” e foi colocar de volta o EPI que havia levado a viatura. Porém ao pendurar seu EPI no local, pensou: - “Porquê vou desistir, deixar minha bicicleta lá e eu aqui?”. E fui saindo da corporação, às pressas, vestindo meu EPI (completo). Mas ao passar pela cancela, o “guariteiro” alertou-me que antes, deveria avisar primeiro nosso subchefe que estaria querendo voltar ao sinistro. E saí a falar com o subchefe da equipe, na central, se poderia voltar ao sinistro:
- Ô “Pajé” (Claudemir), posso voltar pro sinistro e pegar a minha bicicleta? – perguntei-lhe, que neste momento estava virado de costas para mim e não percebera a minha “real situação”.
- A bicicleta é tua faz o que tu quiser – respondeu-me inocentemente, balançando os ombros num tom de indiferença.
Diante de vossa afirmação, este nobre “maluco 193”, saiu em direção à guarita, rumo ao incêndio. Porém, havia uma pessoa que percebera a situação. Ela estava tranqüila na central, conversando com o despachador e ao me avistar, vestido com o EPI completo, da cabeça aos pés, alertou ao seu parceiro da central que eu estava querendo voltar ao incêndio daquela forma. Quando estava a cruzar novamente a cancela, este despachador chamou-me:
- Hei, onde pensa que tu vai? – gritou.
- Ora, buscar minha bicicleta! – respondi a ele.
- Sim, mas assim (vestido com o EPI)? – questionou-me.
- Ué! Mas meu calçado tá lá no caminhão, vou descalço? – respondi ironicamente.
- Vem cá então. Não, cada coisa que me acontece! – esbravejou, talvez sentindo-se vencido pela minha audácia e persistência (ou quem sabe, com compaixão, pena de mim!?).
- Ô Charles (motorista), pega aqui esse garoto e leva-o de volta ao incêndio, com o UT! – ordenou.
Enfim, estava eu de volta aquela ocorrência, graças à minha bicicleta e à minha perseverança em querer participar daquele episódio. E para isto, fora deslocado pelo nosso subchefe da equipe Bravo, o último motorista disponível no pátio da corporação. Mas enfim voltamos ao depósito em chamas.
Chegando ao local, que se encontrava já com um grande número de moradores e curiosos que queriam ver de perto o ocorrido, logo fui incumbido de entrar ali no local. Porém desta vez, ao entrar no terreno, solicitei ao bombeiro que estava no alto da escada, encostada ao muro do estabelecimento um EPR (Equipamento de Proteção Respiratória), pois já tinha sofrido com a experiência de inalar muita fumaça proveniente das cinzas “escaldantes” daquele material. Mas sua reação a um pedido meu de tal equipamento parece que ecoou um pouco estranho. Enquanto esperava meu EPR, escutei o som de material sendo consumida pelo fogo, especialmente madeira, a qual se tem um som característico. Corri pela lateral esquerda do terreno, quando algumas chamas persistiam pela lateral dos escombros. Logo percebi o risco de que se entrasse na construção sem o galé, aquelas paredes poderiam desabar e teríamos uma vítima em potencial.
Demorei somente alguns minutos para apagar aquele fogo e logo veio meu EPR. Coloquei-o em minhas costas e demorei um pouco para tentar colocar a máscara de respiração autônoma juntamente com meu galé. Inútil persistir, então abandonei meu capacete num lugar seguro, abri o oxigênio do meu cilindro e fui adentrando no recinto, tomando o cuidado de caminhar pelo centro, evitando que quaisquer desmoronamento dos muros pudessem me atingir. E fui rescaldando todo aquele material.
A fumaça que exalava daquele local era abundante. De repente, comecei a ter dificuldades em respirar. E a máscara começou a ficar embaçada. Agoniado, tentava arrancar aquela máscara para poder respirar. Quando já estava ficando azul, pela falta de oxigênio, com sinais de cianose e com total dispnéia, consegui finalmente me livrar daquele equipamento, saindo de costas em direção ao local de saída da construção. E ao verificar meu equipamento, notei que me deram um cilindro praticamente vazio. Não saberia dizer se aquilo fora uma falta de revisão dos equipamentos, procedimento de rotina em todo início de plantão ou se realmente quiseram-me “pregar uma peça”. Mas tudo bem, sobrevivi mais uma vez. Recuei ao fogo para retirada do equipamento. Percebi uma sutil risada por cima do muro. Logicamente que a cena seria hilária, para eles. Para mim, foram momentos de aflição, mas que analisando bem, pode ser que fora divertido.
Saí daqueles escombros atônico, procurando hidratar-me com água. Logo os próprios moradores estavam nos disponibilizando água para nós bebermos. Mas estava um pouco aflito, pela experiência que havia passado. Foi então que uma ambulância do Samu passando pelo local, parou para nos auxiliar. De imediato solicitei a gentil e elegante senhorita socorrista um frasco de soro. Ela, sorrindo, disse que me poderia “servir” na ambulância. Aí indaguei a ela, já me dirigindo à USB que iria procurar mas que poderia revirar “um pouco” seu veículo. Foi quando ela saiu correndo atrás, temendo por minha “bagunça”. Que nada, só queria tê-la por perto também. Ela perguntou-me se queria o fisiológico ou o glicosado? Respondi a ela que poderia ser qualquer um, desde que “matasse” minha sede. Então peguei um menor, de 125 ml e degustei com prazer. E voltamos ao incêndio.
Continuamos nosso rescaldo nos escombros, para certificarmos de que o fogo não retornaria. Agora estava sendo solicitado noutra entrada do depósito, esta frontal ao estabelecimento. Imediatamente fui até lá auxiliá-los. Enquanto isso, o UCI 55 chegara, sob a boléia o nosso coordenador de voluntários. Este me chamou, para irmos embora almoçar. Eram cerca de 12h30min. Porém, meu único chamado agora se resumia a concluir minha missão. E lá fora o UCI sem a minha companhia.
Avançamos gradativamente pela entrada do depósito, no trabalho de resfriamento do local, e contávamos agora com a ajuda de mais alguns “voluntários do fogo” que vieram no UCI para nos auxiliar. Reviramos com o auxílio de alguns equipamentos como enxadas, croque-gancho, entre outros, revirando aquele “entulhado” de material e tratando de resfriá-los por debaixo daqueles escombros. Logo a esquerda da entrada, subimos no piso superior da construção, tomando-se o devido cuidado de pisar somente onde era realmente firme e seguro.
Após algumas exaustivas horas de combate ao sinistro, já passavam das 15hs quando nosso trabalho se cumprira e voltamos ao QC. Fui com o UT 50, de carona com mais um bombeiro. Ao se distanciar por uns 100m do local, o motorista pediu ao bombeiro que estava na janela (eu estava no banco mediano) que arrumasse o espelho retrovisor da viatura. Este (retrovisor), ao virar o espelho, desprendeu-se da haste e caiu na rua. De um pequeno susto, foram só risadas até o quartel, terminando assim mais um episódio do fogo.
1. Nos Bombeiros Voluntário de Joinville há dois comandantes, um operacional,
responsável pela equipe de bombeiros e infra-estrutura da instituição e outro
cmte institucional, responsável pela parte política, captação de recursos, etc.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

O que seríamos de Nós SEM Eles?

Estávamos voltando de uma festa, quando de repente meu carro escorregou na pista e eu vi aquela ponte se aproximando de nós e BUMMM! Fiquei desacordado por alguns instantes e quando olho para minha esposa, no banco do carona, desacordada, com as pernas presas nas ferragens. Logo vem a ajuda de alguns solidários motoristas que passavam por ali e iriam nos salvar!? Pegaram-me no colo e colocaram no porta-malas de uma Parati e me conduziram ao hospital. Enquanto isso tentavam puxar minha esposa, tentando soltar as pernas para que se desprendesse do painel. A cada tentativa de retirada, jorrava mais sangue. Foi então que perceberam que o painel é que estava impedindo a passagem de seu joelho. Então trataram de arrancá-lo, com facas improvisadas e até uma chave de roda. Após um longo período conseguiram retirá-la e imediatamente a colocaram no banco traseiro de um Chevette e partiram rumo ao hospital. Saldo final deste acidente: uma vítima com pneumotórax e trauma de face, com seqüela de coluna – paralisia de membros inferiores e outra vítima, chegando ao óbito por choque hipovolêmico – perda sanguínea.
Eu acabara de chegar em casa com as crianças, quando elas já corriam loucas pelo quintal brincando. Fui para a cozinha, preparar nosso almoço, pois meu marido logo estaria chegando em casa. Da cozinha escutava os berros das crianças se divertindo lá fora quando de repente... - Aaaiii... !!! Fui correndo ver o que eram aqueles gritos. Agora quem estava apavorada era eu. Meu sobrinho caiu dentro do nosso antigo poço, que era coberto por tábuas. O que faremos? Saí gritando pela rua e logo veio toda a vizinhança. Logo pensamos em colocar uma escada, mas o poço era profundo demais e estreito. Foram buscar umas cordas para içá-lo de lá. Emendamos umas nas outras e lançamos poço adentro para que ele se prendesse nelas. Mas ele não respondia. Será que tinha morrido? O desespero aumentou à medida que todas as possibilidades se esgotavam. De repente surge no meio da multidão um rapaz franzino, mas corajoso disposto a descer lá e buscar o rapaz. Amarramos ele pela cintura e por debaixo dos braços quando ele começou a descer. Um fio de esperança agora estava depositado naquela alma singela apenas. Conseguiu chegar no fundo do poço. Tratou de se desprender da corda. Amarrou o menino, desacordado e a população puxava com toda a força do mundo. De repente, o nó da corda começou a abrir e.... POFT! O menino caia de novo ao fundo do poço, encima do rapaz franzino. Saldo desta tragédia: dois mortos.
Já era tarde quando resolvemos tomar um banho de mar. Fomos adentrando ao mar para mergulhar um pouco mais no fundo, onde tinham ondas maiores. Pulávamos intensamente cada crista que se desprendia naquele litoral quando de repente, veio uma onde pouco maior que as outras e acabei tomando uns caldos. Mas a maré começou a me tragar cada vez mais mar adentro. Não sabia nadar direito e logo fui perdendo forças, quando submergi, perdi a consciência e me afoguei. Saldo desta tragédia: uma morte, sendo que a família até hoje aguarda que o mar lhe devolva o corpo para então velar o rapaz.
Estas histórias seriam verdadeiras, se a cidade não contasse com o apoio dos BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE JOINVILLE.

(extraído do livro “Um Século de Crônicas” e “Diários à Bordo da Nave 193)